quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Johannesburg

Joanesburgo é conhecida como a porta de entrada e saída da África do Sul, uma cidade moderna, mas que ainda reflete os 46 anos do regime de segregação racial - Apartheid, que dividia negros e brancos. 




Ficamos hospedadas na Hoeveld House, em Sandton, uma guest house espetacular, quarto gigantesco, estrutura única. Lá é comum que famílias ricas ao construírem outras mansões, disponibilizem as antigas para hospedagem. Estávamos perto do Melrose Arch e da Mandela Square, que são dois shoppings com inúmeros restaurantes e lojas de grife e que vale a pena conferir. 



Casa onde Mandela passou os últimos anos de sua vida

Como nos falaram que Joanesburgo era uma cidade violenta, fechamos, por indicação de amigos, um passeio privado com um guia que falava português, mas já alerto, além de custar uma pequena fortuna (cerca de R$ 1.000,00),  é completamente desnecessário, porque para visitar o Museu do Apartheid, Constitucion Hill, Soweto, a Casa de Mandela e alguns bairros nobres da cidade é perfeitamente possível fazer tudo por conta e com Uber ou carro alugado. 


O Museu do Apartheid foi o que mais me impressionou, foi gritante e desumano o tratamento diferenciado que davam a cidadãos brancos e negros, desde o tipo de impressão das cédulas de identidade até as condições de educação e saúde. Logo na estrada isso fica bem caracterizado, dividindo o caminho de entrada para brancos e negros, hoje é apenas um simbolismo de como era o acesso a todo e qualquer tipo de repartição quando da segregação racial. Já na Constitucion Hill, onde visitamos várias celas, entre elas a que ficaram Gandhi e Mandela  - respeitando as devidas épocas - o clima é muito pesado e novamente as diferenças gritantes entre o tratamento dado a presos brancos e negros, mesmo praticando os mesmos crimes; brancos tinham camas, sanitários e várias refeições, enquanto os negros dormiam no chão e faziam suas necessidades ali mesmo, alimentando-se raramente, com grande propagação de pestes, doenças e alto índice de mortes. Diferenças também observadas no Soweto, bairro atrás das montanhas, onde os negros, na época da segregação, deviam morar e se trabalhassem na cidade era obrigatório que se recolhessem até às 18h. 




Visitamos também o Memorial Hector Petterson, localizado em Orlando West Soweto que homenageia o papel dos estudantes do país na luta contra o Apartheid e, em particular, o papel desempenhado pelas crianças em idade escolar que participaram dos protestos de Soweto em 1976, muitos dos quais foram baleados pela polícia do Apartheid enquanto protestavam contra o sub-padrão da educação em escolas negras na África do Sul. Um dos primeiros mortos pela polícia foi Hector Petterson, de 12 anos. O fotógrafo Sam Nzima esteve em Soweto em 16 de junho, cobrindo os protestos e os tumultos que se seguiram. Sua imagem icônica do corpo de Petterson sendo carregado pelo estudante Mbuyisa Makhubo, com sua irmã Antoinette Sithole correndo ao lado, é uma representação gráfica da repressão sob o regime do apartheid e se tornou uma imagem icônica em todo o mundo da crueldade e brutalidade sem sentido do estado do Apartheid.(Fonte: https://www.gauteng.net/attractions/hector_pieterson_memorial_and_museum/).




Claro que para quem gosta de futebol ainda pode conhecer o Estádio onde ocorreram os jogos de 2010, nós por óbvio passamos longe, futebol realmente não nos interessa. Johannesburg é sem dúvida uma cidade cosmopolita, mas que ainda mostra os resquícios da segregação, pois andando por ela podemos perceber que negros e indianos moram em lados opostos aos brancos, nada comparado ao passado, pois hoje todos vivem em harmonia, mas a história está lá e toda essa modernidade jamais conseguirá apagá-la. E encerrando as postagens sobre a África do Sul deixo aqui um elogio ao povo sul-africano, que educação, que pontualidade e quanto respeito! Em momento algum passamos por constrangimentos, pois mulheres que viajam sozinhas passam muito por isso, em especial nos países latinos, lá não, a cordialidade e o respeito imperam. E... visitem a África do Sul, país riquíssimo em cultura, hospitalidade e com paisagens de tirar o fôlego. 




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