sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Morro de São Paulo - BA

Viagem à África do Sul concluída com êxito eis que as loucas Crisi e Daia começaram a surtar. E agora o que fazer no Réveillon? Pesquisamos diversos destinos, e como de costume tudo muito caro para a época, até que achamos uma pousada legal, e passagens relativamente baratas para Salvador. Claro que a intenção nunca foi ficarmos em Salvador, particularmente não gosto da cidade, queríamos mesmo era conhecer Morro de São Paulo que há muito estava em nossos planos. 


E... falando em pousada o lugar que escolhemos para ficar foi o que realmente fez toda a diferença, a vila de Morro de São Paulo é de longe um lugar lindo, é sujo, uma desgraça de multidão e abafado por óbvio. Uma coisa que falei para todos que me pediram dicas do lugar foi o seguinte: se você tiver resistência física e disposição para caminhar muito até encontrar os lugares bonitos, então você vai amar Morro de São Paulo e, graças a Deus, isso eu e a Daia temos de sobra. Voltando à pousada, escolhemos a Mar e Morro Flats, o lugar é simplesmente espetacular, com o melhor pôr do sol do Morro, infraestrutura impecável, tudo muito limpo e com o kit sobrevivência que achei o máximo, porque chegamos derrotadas até lá, foram mais de três horas de transfer com a Cassi Turismo saindo do aeroporto de Salvador e o cansaço nos impediu de descermos os 182 degraus que nos levavam até a Vila, assim no Flat havia um kit para fazermos nossa própria janta, com direito a vinhos e espumantes no frigobar - PERFEITO. 




Antes de continuar a falar do lugar quero deixar meu agradecimento eterno ao Bira e a sua esposa Ana, nossos anfitriões, pessoas maravilhosas, de um coração gigante que, com certeza, ficarão eternamente em nossos corações, amizade para a vida inteira. 


O que eu gostei de lá? A Praia da Gamboa, famosa por sua argila medicinal, era perto da pousada, só descer uma trilha e cuidar a tábua de marés para poder andar até lá, mas caso a maré subisse só pegar um barco que deixava no deck próximo à trilha. Bem estruturada, com vários restaurantes que oferecem guarda-sol, mesa e espreguiçadeiras mediante consumo; é a praia que você consegue imergir no mar para tirar a "urucubaca", porque a Primeira, Segunda, Terceira e Quarta Praias, você caminhava até Alagoas e a água mal batia nos tornozelos (risos). 




Aproveitamos uma tarde e fomos para Garapuá para fazermos mergulhos, lindo, mas lindo de morrer; para chegar até lá é preciso fechar um transfer com uma 4X4 (aliás, carros não entram na vila), então necessário ir até a Terceira Praia para conseguir esse passeio. Chegando na praia vá até o restaurante da Iracema, reserve seu almoço que ao voltar do mergulho ela deixa prontinho, lugar muito bom mesmo. Os barcos que levam até as piscinas de mergulho saem com bastante frequência, então não precisa se preocupar. É muito relaxante passar horas vendo os corais e sentindo os peixinhos nadarem junto contigo. 


Fomos também para a Praia do Encanto ou Quinta Praia como costumam falar, pegamos um charrete na Quarta Praia e combinamos a volta com o chofer. O lugar é bonito mas, particularmente achei a água muito quente e rasa, e o serviço do único restaurante do local é bem fraco, estou até hoje esperando a caipirosca de manga que pedi (risos), falando em caipirosca, não deixe de provar a de cacau, é a melhor. 

  


Vale a pena também assistir ao pôr do sol da Fortaleza de Tapirandú. Passamos o Réveillon na Pousada com o Bira, a Ana e outros amigos que fizemos lá, foi muito lindo e de lá vimos os fogos de Salvador, Gamboa e Valença!


Lugares para comer bem? Adoramos o Casarão e a Cantina Barolo, mas não deixe de provar as cocadas da baiana da praça e nem de tomar um Aperol Spritz no Basílico. Muitos indicam a Toca do Morcego para assistir ao pôr do sol e também para balada, mas como nossa intenção nunca é balada em viagens e como tínhamos o pôr do sol mais lindo da vila, acabamos não indo. 




Toda viagem é uma experiência maravilhosa, nessa até Morro de São Paulo, além das paisagens lindas, conquistamos amigos e o melhor, nem um quilo extra, pois ladeira e degraus é o que não faltam por lá e, como eu disse anteriormente, tendo disposição e bom humor visite Morro de São Paulo. 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Johannesburg

Joanesburgo é conhecida como a porta de entrada e saída da África do Sul, uma cidade moderna, mas que ainda reflete os 46 anos do regime de segregação racial - Apartheid, que dividia negros e brancos. 




Ficamos hospedadas na Hoeveld House, em Sandton, uma guest house espetacular, quarto gigantesco, estrutura única. Lá é comum que famílias ricas ao construírem outras mansões, disponibilizem as antigas para hospedagem. Estávamos perto do Melrose Arch e da Mandela Square, que são dois shoppings com inúmeros restaurantes e lojas de grife e que vale a pena conferir. 



Casa onde Mandela passou os últimos anos de sua vida

Como nos falaram que Joanesburgo era uma cidade violenta, fechamos, por indicação de amigos, um passeio privado com um guia que falava português, mas já alerto, além de custar uma pequena fortuna (cerca de R$ 1.000,00),  é completamente desnecessário, porque para visitar o Museu do Apartheid, Constitucion Hill, Soweto, a Casa de Mandela e alguns bairros nobres da cidade é perfeitamente possível fazer tudo por conta e com Uber ou carro alugado. 


O Museu do Apartheid foi o que mais me impressionou, foi gritante e desumano o tratamento diferenciado que davam a cidadãos brancos e negros, desde o tipo de impressão das cédulas de identidade até as condições de educação e saúde. Logo na estrada isso fica bem caracterizado, dividindo o caminho de entrada para brancos e negros, hoje é apenas um simbolismo de como era o acesso a todo e qualquer tipo de repartição quando da segregação racial. Já na Constitucion Hill, onde visitamos várias celas, entre elas a que ficaram Gandhi e Mandela  - respeitando as devidas épocas - o clima é muito pesado e novamente as diferenças gritantes entre o tratamento dado a presos brancos e negros, mesmo praticando os mesmos crimes; brancos tinham camas, sanitários e várias refeições, enquanto os negros dormiam no chão e faziam suas necessidades ali mesmo, alimentando-se raramente, com grande propagação de pestes, doenças e alto índice de mortes. Diferenças também observadas no Soweto, bairro atrás das montanhas, onde os negros, na época da segregação, deviam morar e se trabalhassem na cidade era obrigatório que se recolhessem até às 18h. 




Visitamos também o Memorial Hector Petterson, localizado em Orlando West Soweto que homenageia o papel dos estudantes do país na luta contra o Apartheid e, em particular, o papel desempenhado pelas crianças em idade escolar que participaram dos protestos de Soweto em 1976, muitos dos quais foram baleados pela polícia do Apartheid enquanto protestavam contra o sub-padrão da educação em escolas negras na África do Sul. Um dos primeiros mortos pela polícia foi Hector Petterson, de 12 anos. O fotógrafo Sam Nzima esteve em Soweto em 16 de junho, cobrindo os protestos e os tumultos que se seguiram. Sua imagem icônica do corpo de Petterson sendo carregado pelo estudante Mbuyisa Makhubo, com sua irmã Antoinette Sithole correndo ao lado, é uma representação gráfica da repressão sob o regime do apartheid e se tornou uma imagem icônica em todo o mundo da crueldade e brutalidade sem sentido do estado do Apartheid.(Fonte: https://www.gauteng.net/attractions/hector_pieterson_memorial_and_museum/).




Claro que para quem gosta de futebol ainda pode conhecer o Estádio onde ocorreram os jogos de 2010, nós por óbvio passamos longe, futebol realmente não nos interessa. Johannesburg é sem dúvida uma cidade cosmopolita, mas que ainda mostra os resquícios da segregação, pois andando por ela podemos perceber que negros e indianos moram em lados opostos aos brancos, nada comparado ao passado, pois hoje todos vivem em harmonia, mas a história está lá e toda essa modernidade jamais conseguirá apagá-la. E encerrando as postagens sobre a África do Sul deixo aqui um elogio ao povo sul-africano, que educação, que pontualidade e quanto respeito! Em momento algum passamos por constrangimentos, pois mulheres que viajam sozinhas passam muito por isso, em especial nos países latinos, lá não, a cordialidade e o respeito imperam. E... visitem a África do Sul, país riquíssimo em cultura, hospitalidade e com paisagens de tirar o fôlego. 




Nossos Safaris

Sabem aquelas coisas que falamos da boca para fora quando jovens? Pois, certa feita eu brinquei que gostaria de viajar para o Pantanal ou de fazer um Safári na África, Pantanal totalmente descartado por hora, mas o Safári eu encarei. A ideia de irmos para a África do Sul foi totalmente minha, embora a Daia já tivesse falado muito sobre o país, então a maioria dos passeios ela quem organizou, ela faz a logística das atrações e eu cuido do financeiro, assim nossa parceria dá muito certo. 


Nossa cidade base para os Safáris foi Port Elizabeth, reservamos aqui do Brasil o Addo Safari - full day. Eles nos pegam no hotel, passamos o dia todo no parque com um grupo bem restrito de pessoas (o que é ótimo), e almoçamos dentro do parque, foi servido o tradicional churrasco sul-africano - o braai. 




O Addo Safári é muito famoso por ser um parque gigantesco e cheio de elefantes, é o que mais se vê, alguns andam em bando, os mais velhos são solitários pois não atraem mais as fêmeas e consequentemente um pouco agressivos. Tivemos muita sorte, vimos vários e eles até cercaram nosso carro, sim fomos reféns de elefantes. Além dos elefantes existem zebras, búfalos, avestruzes, muitos e muitos Pumbas, tartarugas, lobos, antílopes e é claro, os famigerados leões, que foram nossa grande busca, mas infelizmente naquele dia eles resolveram não aparecer. 

 Ted - o Grande, tem essa marca na orelha devido à uma luta para conquistar sua fêmea. 



Pode-se fazer o Addo guiando seu carro alugado ou fechando passeio como fizemos, parece relativamente fácil se localizar por lá, mas preferimos fazer o passeio guiado, pois os motoristas conhecem os melhores pontos para avistarmos e fotografarmos os animais. Como não tínhamos tempo suficiente para fazermos o Kruger, por dica do nosso anfitrião  Mike, reservamos uma tarde para fazermos o Kragga Kamma, lá vimos, além de todos os já fotografados no Addo,  as esbeltas girafas, leões e rinocerontes. É um parque menor, mas muito interessante também, lá as saídas são guiadas e com horário marcado. 




Eu não vou postar as fotos dos leões porque a história deles é triste, eram três regatados de um circo e estavam fechados em uma grande área de terra para se adaptarem com a natureza; a guia nos contou que quando eles chegaram não sabiam nem caminhar na grama, muito menos caçar, então agora eles estão aprendendo como é o contato com o mundo selvagem para, após aprenderem a caçar, serem definitivamente soltos.

Daia com os ovos de avestruz


Para quem tiver interesse de fazer o Kragga é bem fácil, basta fazer a reserva do hotel  com um dia de antecedência e pegar um Uber até o parque e combinar com esse mesmo para passar buscar, pois como é longe é difícil achar motoristas próximos. Confesso para vocês que eu que nunca fui muito atraída por animais amei a experiência, aprendemos  como conviver e respeitar o ambiente desses gigantes, e quem sabe em uma próxima vez consigamos fazer o Safári noturno no Kruger Park em busca do Big Five, ou seja: leões, leopardos, búfalos africanos, rinocerontes e elefantes.